Joaquim Moura na terra do sol

Ele é fadista: nasceu na Madeira, cresceu e envelheceu no Porto, tinha também, de acordo com o que diziam os relatórios desse tempo, os olhos de Deus. Depois nada. Nem sequer uma notícia da morte que toda a família sem eles saberem esperava. Ninguém sabia do que ele estava a fazer os dez anos que ele passou na Tailândia, nem sabem se era de verdade na Tailândia onde ele passou esses dez anos. Ele perdeu-se, disse Jorge, seu irmão, perdeu-se nesta loucura que ele chamava liberdade.

Quanto a mim, nunca vi os olhos dele, então não posso julgar nem quero garantir se parecem divinais. Nem sei eu com certeza se existe um deus, na maneira como nós imaginamos, e se calhar chamam divinais os olhos que pertencem somente a um drogado.